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NEPAL | A vida criativa
Açores pelo Nepal
Fundraising project | May 2015 - August 2016
Na manhã do dia 25 de abril de 2015, acordamos com a notícia de um terramoto de 7.8. na escala de Richter em Gorkha, Nepal.
A partir deste momento, não conseguimos deixar de pensar em como dali a dias teria sido a nossa prevista e tão deseja chegada a este país, exatamente no dia 12 de maio de 2015, data em que ocorreu um segundo terramoto de 7.3 na escala de Richter, em Dolakha. Aliviados por termos sido poupados, mas desassossegados com o sofrimento de tantos, fomos impelidos a tomar a urgente e necessária decisão: a de evitar ou a de abraçar este frágil destino que tinha acabado de sofrer as piores catástrofes naturais desde 1934.
Este dilema valeu não pela sua solução, mas por todo o processo de busca, em responsabilidade e em liberdade. Qual a melhor decisão a tomar? Ousamos dizer que só pode ser aquela que ultrapassa em muito a fronteira do indivíduo, é a que toca em terreno coletivo e de bem-comum. Submersos num mundo de incertezas, percebemos que a nossa melhor decisão exigia boas heurísticas, declaradas intuições e… coragem! De coração cheio e de mente inquieta, decidimos então conhecer este povo, que aparentemente tão distante, partilhava de fragilidades comuns!
Desta vontade nasceu a campanha de angariação de fundos, «Açores pelo Nepal», com a missão de apoiar as vítimas das catástrofes e sensibilizar a população açoriana para as boas práticas em situações de fenómenos geológicos. Promoveram-se diversas atividades (desde ações ao ar livre, à mesa até à escuta de sons atlantes) com vista a apoiar a missão da Assistência Médica Internacional (AMI) no Nepal, seguindo-se um trabalho fotográfico e documental naquele país.
Em agosto e setembro de 2015 abraçamos finalmente o Nepal. Estivemos em locais onde o apoio internacional chegou rapidamente (centro de Kathmandu e Saankhu), mas também onde só chegou um mês depois das catástrofes (distrito de Dolakha).
Partilhamos das condições em que os nepaleses subsistem provisoriamente, distribuímos roupa e material desportivo e reunimos com a Coordenação da Assistência Humanitária da ONU (OCHA‑UN) no Nepal para obter mais esclarecimentos, mas sobretudo para tentar dar voz a todos aqueles que de forma criativa hoje sobrevivem à perda.
Com este projeto e através da fotografia, falada e sentida, procuramos implicar o outro e recuperar a vontade de querer intervir de forma local, resgatando a esperança no poder dos pequenos atos numa mudança global.
Esta campanha pertence a todos os que abriram o seu coração ao Nepal.
Namaste!
Textos: Ana Catarina Silva
Fotografia: Carlos Brum Melo